A política de redução das taxas de juros no Brasil beneficiou os consumidores com novos contratos de financiamento imobiliário. Se à primeira vista o impacto parece ser pequeno, no montante final faz uma boa diferença.
A competição dos bancos em oferecer taxas de juros reduzidas na compra da casa própria não beneficiou, num primeiro momento, clientes antigos e com empréstimo de longo prazo.
Mas quem disse que o mutuário não pode tentar renegociar?
Muitos clientes com contratos mais antigos de financiamento imobiliário chamaram seus bancos à mesa de negociações buscando reformar as condições de seu financiamento. Deu certo?
Agora é tudo ou nada
Os bancos até têm tido boa vontade em sentar para renegociar contratos de compra da casa própria, mas geralmente essas conversas esbarram na resistência dos próprios bancos em renunciar a parte desses juros.
Certamente, essas instituições financeiras não têm interesse em mexer nesses contratos antigos e, provavelmente, não convocarão os clientes para negociar. Entretanto, especialistas em crédito imobiliário sugerem que a primeira tentativa do mutuário seja buscar essa conversa.
Porém, se a renegociação não avançar, a portabilidade do crédito pode ser uma opção bastante econômica. Por exemplo, num financiamento de 30 a 35 anos a redução de 1% cento dos juros faz uma grande diferença ao final do pagamento.
Portabilidade, aí vou eu!
Se a sua operadora de celular piora os serviços, o que você faz? Portabilidade para outra, certo? Além de resolver o problema de atendimento, geralmente, o cliente ainda consegue descontos e preços mais atraentes.
O mesmo acontece com transferência do crédito imobiliário. A chamada portabilidade, faz com que seu crédito imobiliário vá para outro banco. Mas, antes de recorrer a isso, fique atento não somente às condições oferecidas pela instituição financeira, bem como ao valor da taxa de juros e de custos operacionais.
Esse troca-troca de bancos em busca de melhores condições para o financiamento mexe com o mercado. Até novembro de 2020, o número de pedidos de transferência do crédito imobiliário para outro banco cresceu 553%.
É concorrência que chama?
Você pensa que os bancos querem perder clientes? Obviamente, não. Por essa razão, apenas ⅓ desses pedidos de portabilidade é efetivada, segundo monitoramento do Banco.
Afinal, quando o banco original recebe a notificação de outra instituição financeira de que o cliente levará sua dívida para o concorrente, quem ganha é o mutuário.
A resistência inicial do banco em negociar tende a ceder e você consegue a redução dos juros que almejava.
Se a solução for mesmo efetivar a portabilidade, aí começam os trâmites burocráticos: o banco de destino deve receber cópia do contrato do financiamento a ser portado, além do extrato atualizado de evolução da dívida. Estes documentos têm as informações necessárias para o pedido de portabilidade ao banco de origem.
Entretanto, a portabilidade está condicionada à aprovação de crédito e também à aceitação de risco pela seguradora.
Isso porque o seguro imobiliário – composto pelas coberturas de morte e invalidez permanente e danos físicos ao imóvel – também muda de banco e aí é preciso fazer uma nova contratação do mesmo.
Na ponta do lápis!
Antes de sair fazendo portabilidade de seu financiamento, faça as contas de todos os custos envolvidos na operação. Inclua os valores de averbação no registro de imóveis até o valor do seu saldo devedor e do tempo remanescente de financiamento.
Em conclusão, aos olhos do banco, tudo são negócios. Ele realizará uma nova avaliação de valor de mercado do imóvel. Não há uma correlação automática.
Assim, o imóvel poderá valorizar ou desvalorizar e isso contará para o banco oferecer ou não melhores condições para seu financiamento.
Então, antes de fazer a troca, fique de olho nos custos da operação. Às vezes, ela pode não ser vantajosa para o mutuário.